terça-feira, 24 de janeiro de 2012

As mulheres e a construção do projeto popular

O Intermunicipal das Mulheres aconteceu nos dias: 20 a 22 de janeiro de 2012 no XARE (CIMI) BR 174 /KM 22 RAMAL DA ESCOLA AGRICOLA, em Manaus –Amzonas, com o tema: As mulheres e a construção do projeto popular, tendo como objetivo: qualificar o processo de empoderamento das lideranças dos movimentos e grupos de mulheres, a luz do trabalho de base visando o enfrentamento a violação dos direitos humanos das mulheres.
Iniciamos no dia 20, a noite com a mística Vivência do cuidado – com os elementos da natureza ao redor de um altar representado pelos 05 elementos da natureza, água, fogo, ar, terra e nos seres humanos, para celebrarmos o Sagrado Feminino, resgatando brevemente a parte da história das mulheres que não foi dita nos livros, esquecida ao longo da historia e como sua participação foi preponderante na construção da historia. As três fases da mulher do sagrado feminino: dozela/descoberta do novo, na construção do caminho, amadurecimento/cuidadora e anciã/sabedoria. Nesse momento cada mulher  identificava seu momento e sua fase.  Como as mulheres antigas nossa historia da infância a maturidade foi partilhada em cumplicidade, buscando a harmonia com espaço, o tempo e a memória. 
  

A partilha, o cuidado, a cumplicidade banhou nosso corpo e a alma. O encontro nos trouxe  próximas do sagrado femenino.
Dançamos, choramos, percebemos e refletimos deitadas na historia das mulheres. Acalentamos nosso passado não vivido, berramos o presente e projetamos um futuro onde nós caminharemos ao lado de nossos companheiros. Sonhamos com dias melhores para homens e mulheres.  Sonhamos com o conto da loba.

A Mulher-Loba
Existe uma velha que vive num lugar oculto de que tod@s sabem, mas que pouc@s já viram. Como nos contos de fadas, ela parece esperar que cheguem até ali pessoas que se perderam, que estão vagueando ou à procura de algo.
            Ela é circunspecta, quase sempre cabeluda e invariavelmente gorda, e demonstra especialmente querer evitar a maioria das pessoas. Ela sabe cacarejar, apresentando geralmente mais sons animais do que humanos. Dizem que ela está enterrada na periferia, perto de um poço.
Dizem que foi vista viajando para o sul de Iranduba num carro incendiado com a porta traseira arrancada. Dizem que fica parada na estrada perto de Itacoatiara, que pega carona aleatoriamente com caminhoneiros até Manacapuru. Ou que foi vista subindo o morro de São Gabriel da Cachoeira com galhos de lenha de estranho formato nas costas. Ela é conhecida por muitos nomes: a Mulher dos Ossos, a Trapeira, a Mulher-Lobo.
       O único trabalho de La Loba é o de recolher ossos. Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente aquele que corre o risco de se perder para o mundo.
       Sua caverna é cheia de ossos de todos os tipos de criaturas do deserto e da floresta; o veado, a cascavel, o corvo, a onça. Dizem porem que sua especialidade reside nos lobos.
Ela se arrasta sorrateira e esquadrinha as montanhas e os leitos secos dos rios, à procura de ossos de lobos e, quando consegue reunir um esqueleto inteiro, quando o último osso esta no lugar e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente, ela senta junto ao fogo e pensa na canção que irá cantar.
Quando se decide, ela se levanta e aproxima-se da Criatura, ergue seus braços sobre o esqueleto e começa a cantar. É aí que os ossos das costelas e das pernas do lobo começam a se forrar de carne e que a criatura começa a se cobrir de pelos.
           Loba canta um pouco mais, e uma proporção maior da criatura ganha vida. Seu rabo forma uma curva para cima, forte e desgrenhada.
            La Loba canta mais, e a criatura lobo começa a respirar.
            E La Loba ainda canta, com tanta intensidade que o chão da floresta estremece, e enquanto canta, o lobo abre os olhos, dá um salto e sai correndo morro abaixo.
Em algum ponto da estrada, quer pela velocidade, por atravessar um rio respingando água, quer incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é transformado numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.            
Por isso diz-se que, se você estiver perambulando pela floresta, pela beira do rio, por uma estrada por volta do por do sol, e quem sabe esteja um pouco perdida, cansada, sem dúvida você tem sorte, porque a Mulher – Loba, a La Loba, pode simpatizar com você e lhe ensinar algo – algo da alma.
Na história, a Mulher-Loba indica o que devemos procurar: ela, mesma: A Mulher Selvagem.
  Ela é a Guardiã da Alma.
            Como La Loba, nós quase sempre começamos num deserto. Temos uma sensação de perdas de direitos, de alienação, de não estarmos vinculadas nem mesmo com uma moita de espinhos. Sem a Mulher Selvagem perdemos nossa forma. Sem uma linha direta com ela, diz-se que os seres humanos ficam desalmados ou que sua alma está perdida. Ela dá forma à casa da alma e constrói mais com suas próprias mãos.          



         Assim entre o estudo teórico conduzido pelas professoras Marcia Oliveira e Graciela Rodriguez, gememos na canoa descendo o  rio, simbolizado pela forte chuva.
            Compreender o processo histórico de violência contra mulheres, fazendo  ligação com a natureza, com o processo de desenvolvimento, as mudanças no clima  e a realidade cotidiana de cada uma de nós, possibilitou identificarmos o quanto somos violentadas.  
            A realidade vivenciada por cada uma foi contada de forma selvagem como loba, derrubada de madeiras, falta de água, estupro, queimadas, falta de infra-estrutura, falta de cuidado por parte dos gestores, assim fomos colocando as angustias. Viemos de longe, chegamos de ônibus, barco, canoa para ouvir, partilhar, sonhar, aprender e fortalecer os laços. Esse foi nosso inter das mulheres = espaço de poder.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Rede de Educação Cidadã em parceria com Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, estará realizando nos dias 20 a 22 de Janeiro o III Intermunicipal com o tema: As mulheres e a construção do projeto popular e tem como objetivo, qualificar o processo de empoderamento das lideranças dos movimentos e grupos de mulheres, a luz do trabalho de base visando o enfrentamento a violação dos direitos humanos das mulheres.

O encontro acontecerá no Xare, Characá do Cimi, na BR 174 KM 22, irão participar as mulheres do movimentos sociais e populares, agricultoras, sindicalistas dos sindicato dos trabalhadores/as rurais, dos municipios, Maues, Barreirinha, Iranduba, Parintins, Boa Vista do Ramos, Nhamunda, Urucará e da capital, Manaus.