quinta-feira, 27 de junho de 2013

A plebe e a nobreza

A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam prontamente atendidas
26/06/2013
Frei Betto
Era uma vez um reino governado por um rei despótico. Sua majestade oprimia os súditos e mandava prender, torturar, assassinar quem lhe fizesse oposição. O reino de terror prolongou-se por 21 anos.
Os plebeus, inconformados, reagiram ao déspota. Provaram que ele estava nu, denunciaram suas atrocidades, ocuparam os caminhos e as praças do reino, até que o rei perdesse a coroa.
Vários ministros do rei deposto ocuparam sucessivamente o trono, sem que as condições econômicas dos súditos conhecessem melhoras. Decidiu-se inclusive mudar a moeda e batizar a nova com um título nobiliárquico: real.
Tal medida, se não trouxe benefícios expressivos à plebe, ao menos reduziu as turbulências que, com frequência, afetavam as finanças da corte.
Ainda insatisfeita, a plebe logrou conduzir ao trono um dos seus. Uma vez coroado, o rei plebeu tratou de combater a fome no reino, facilitar créditos aos súditos, desonerar produtos de primeira necessidade, ao mesmo tempo em que favorecia os negócios de duques, condes e barões, sem atender aos apelos dos servos que labutavam nas terras de extensos feudos e clamavam pelo direito de possuir a própria gleba.
O reino obteve, de fato, sucessivas melhoras com o rei plebeu. Este, porém, aos poucos deixou de dar ouvidos à vassalagem comum e cercou-se de nobres e senhores feudais, de quem escutava conselhos e beneficiava com recursos do tesouro real. Obras suntuosas foram erguidas, devastando matas, poluindo rios e, o mais grave, ameaçando a vida dos primitivos habitantes do reino.
Para assegurar-se no poder, a casa real fez um pacto com todas as estirpes de sangue azul, ainda que muitos tivessem os dedos multiplicados sobre o tesouro real.
Do lado de fora do castelo, os plebeus sentiam-se contemplados por melhorias de vida, viam a miséria se reduzir, tinham até acesso a créditos para adquirirem carruagens próprias.
Porém, uma insatisfação pairava no reino. Os vassalos eram conduzidos ao trabalho em carroças apertadas e pagavam caros reais pelo transporte precário. As escolas quase nada ensinavam além do beabá, e os cuidados com a saúde eram tão inacessíveis quanto as joias da coroa. Em caso de doença, os súditos padeciam, além das dores do mal que os afetava, o descaso da casa real e a inoperância de um SUStema que, com frequência, matava na fila o paciente em busca de cura.
Os plebeus se queixavam. Mas a casa real não dava ouvidos, exceto aos aplausos refletidos nas pesquisas realizadas pelos arautos do reino.
O castelo isolou-se do clamor dos súditos, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. Infestado de crocodilos o fosso em torno, as pontes levadiças foram recolhidas e as audiências com os representantes da plebe canceladas ou, quando muito, concedidas por um afável ministro que quase nenhum poder tinha para mudar o rumo das coisas.
Em meados do ano, a corte promoveu, com grande alarde, os jogos reais. Vieram atletas de todos os recantos do mundo. Arenas magníficas foram construídas em tempo recorde, e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos que orçavam um e embolsavam cem.
Foi então que o caldo entornou. A plebe, inconformada com o alto preço dos ingressos e o aumento dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente a impunidade dos corruptos e a tentativa de calar os defensores dos direitos dos súditos contra os abusos dos nobres.
A vassalagem queria mais: educação da qualidade à que se oferecia aos filhos da nobreza; saúde assegurada a todos; controle do dragão inflacionário cuja bocarra voltara a vomitar chamas ameaçadoras, capazes de calcinar, em poucos minutos, os parcos reais de que dispunha a plebe.
Então a casa real acordou! Archotes foram acesos no castelo. A rainha, perplexa, buscou conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram logo reduzidos.
Agora, o reino, em meio à turbulência, lembra que o povo existe e detém um poder invencível. O castelo promete abrir o diálogo com representantes da plebe. Príncipes hostis à rainha ameaçam tomar-lhe o trono. Paira no horizonte o perigo de algum déspota se valer do descontentamento popular para, de novo, impor ao reino o regime de terror.
A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam prontamente atendidas.
Sobretudo, dê a casa real ouvidos à voz dos jovens reinóis que ainda não sabem como transformar sua indignação e revolta em propostas e projetos de uma verdadeira democracia, para que não haja o risco de retornarem ao castelo déspotas corruptos e demagogos, lacaios dos senhores feudais e de casas reais estrangeiras.

 Frei Betto é escritor, autor de “Aldeia do silêncio” (Rocco), entre outros livros.

sábado, 15 de junho de 2013

RECID AMAZONAS realiza nos dias 21 a 23 de junho a Jornada Pedagógica: Política Nacional de Educação Popular.






Jornada Pedagógica


Tema: Política Nacional de Educação Popular.


A RECID – Rede de Educação Cidadã é uma articulação formada com Educadores/as Populares, entidades e movimentos do Brasil que assumem solidariamente a missão de realizar processos sistemáticos de sensibilização, mobilização e educação popular. Nosso trabalho parte dos princípios da Educação Popular Critico-Freiriana com sua base fundamentada na realidade, fundamentação teórica e aplicação do conhecimento.

No mês de junho, nos dias 21 a 23, a RECID do Amazonas estará realizando a Jornada Pedagógica, Tema: Política Nacional de Educação Popular; o evento contará com a participação da comunidade local, professores e professoras da rede municipal de ensino, bem como militantes que atuam na área da educação popular. O objetivo é fomentar o dialogo com os movimentos sociais e populares sobre a política nacional de educação popular, em função da celebração dos 10 anos da RECID.

As atividades desta jornada serão pautadas pela mística, partilha de experiências sobre a concepção da educação popular em dois painéis, estudo em grupo, partilha do estudo em plenária, momentos de amostra de empreendimentos na linha da ECOSOL, construção de cartas pedagógicas e avaliação.

Iniciaremos nosso jornada no dia 21 com a audiência pública na Assembléia Legislativa do Amazonas em comemoração as 10 anos de caminhada da Rede de Educação Cidadã. na noite deste dia teremos nosso 1º Painel sobre Atualidades da educação Popular tarefas e desafios. no sábado segundo dia da Jornada teremos um painel sobre Experiencias da Educação Popular no estado. Trazendo para o debate a educação popular como política pública. No ultimo dia do evento, domingo, terá apresentação das cartas pedagógicas elaboradas nas oficinas sugeridas, sobre educação popular: nas escolas publicas, grupos de mulheres, juventude e outros.

Estamos estimulando a participação das lideranças comunitárias, profissionais da educação, grupos de base e movimentos sociais para participarem dessa reflexão. Os paineis da Jornada Pedagógica acontecerá na Escola Municipal Professora Jarlece da Conceição Zaranza sito Rua Ramos D, bairro Amazonino Mendes, ao lado do 27º Batalhão da Polícia Militar.

Venha junto participar deste grande Ajuri da educação popular.


Atenciosamente

Equipe Estadual

Rede de Educação Cidadã Amazonas.